Por muitos anos, ela reinou absoluta naquelas centenas de léguas, como senhora da chamada Fazenda Mandassaia, como passou a ser chamada a Fazenda Nova Lisboa pelos vizinhos, no período em que o senhor, acamado pela idade e pelas doenças senis, transferiu para a amásia o bastão do poder.
Com a morte do senhorio da fazenda, entretanto, todos os bens lhe foram tomados pelas autoridades da localidade, inclusive a fazenda, sob a alegação de que os bens deixados pelo falecido eram por direito dos filhos legítimos que estavam em Portugal. Sob essa razão aparente, os membros da família Souza tomaram conta de tudo, chegando ao absurdo de apresentar documento de posse feito por oficial público.
Da noite para o dia ela se viu expulsa daqueles sertões que respeitaram por anos a sua autoridade e se encantaram com sua brejeirice. Sem escolha nem apoio, antes do romper do dia, juntou as filhas moças e os poucos bens pessoais que lhe foram presenteados nos anos de concubinato, sobre os quais ainda exercia livre disponibilidade.
Com a ajuda de agregados carregou os burros cedidos por moradores agradecidos e partiu sem derramar uma lágrima, nem sequer um suspiro. Na posse dos poucos pertences que escaparam à pilhagem, foi viver de favor na fazendola de Neco, o seu filho mais velho, que era casado com uma viúva de pouca beleza, mas de bom cabedal.
Foi lá que minha avó Mercês, uma das filhas mais novas conheceu um sitiante chamado Raimundo, aquele com quem se casaria dentro de poucos meses. Depois de casada, minha avó Mercês foi morar nas terras que meu avô possuía na ribeira, onde nasceram todos os filhos daquele casamento. Foi nesse lugar que minha mãe viveu desde os tempos de menina. Só saiu de lá, moça feita, quando fugiu para se casar com meu pai.
Minha mãe tampouco sentou num banco de escola. A instrução que tinha era rudimentar, não passava do bê-á-bá. Mal sabia desenhar o próprio nome, o que aprendeu para se tornar eleitora, por influência de dona Mimosa. Pabulava-se, porém, em sua disposição para trabalhar.
Buchuda de seu caçula, já no final do oitavo mês, trabalhava o dia inteiro na beira do fogão de lenha do hotel e ainda encontrava ânimo para costurar roupas de carregação. Para não faltar com seus compromissos, mesmo depois que os geradores de luz eram desligados, seguia costurando.
Tinha como companhia apenas um candeeiro de querosene que ela, para melhorar a iluminação, puxava a mecha de algodão usada como pavio. Meu pai fechava o hotel, tomava banho, jantava e saia para jogar sueca. Muitas vezes ficava jogando até tarde, só voltava com o cantar do galo.
(in O íntimo ofício: memórias, Scortecci, São Paulo, 2007)
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excelente relato mi amigo.
ResponderExcluirun abrazo
Hola amigo!
ResponderExcluirPasé a visitar a tu blogs, felicitaciones.
Pasa por mi blogs y retira el premio
http://juanjosebravo.blogspot.com
Un abrazo
Meu Amigo
ResponderExcluirPenso que é apenas uma página da história da tua vida ou dos teus antecessores. Bem contada, cheia de interesse que se acompanha de um fôlego com desejos de se ler mais... Passarei para continuar a ler...
Hoje, deixo os meus votos natalícios: Feliz Natal e um Ano Novo muito prometedor.
Beijo
Graça
Deseo que este año que comienza te regale todas ellas!!!!!!!!!
ResponderExcluirTres cosas irrevocables para la Vida son:Tiempo…Palabras…y Oportunidades
Tres cosas que no debes negarle a tu Vida son …Serenidad …Honestidad …Y Esperanza …
Tres cosas que son tu Elección …Tus Sueños …Tu Exito …Y tu Destino …
Tres joyas que se tienen en la Vida son…Amor …Autoestima …y Verdaderos Amigos …
Buen año 2011 para ti y tus seres queridos !!!!!!!
Muy bueno tu texto, saludos, te espero en mi blog de cuentos y poesías. Gracias www.maxymohistorias.blogspot.com Yo te sigo, puedes seguirme?
ResponderExcluirMenino, estou com problema no gadget de seguidor do meu blog e estou resolvendo.
ResponderExcluirAssim que estiver em ordem venho para te seguir.
Um grande abraço e obrigada por ir ao meu INFINITO.
Tenho acompanhado seus textos na rede há um certo tempo. Passo agora para seguir mais de perto. Grande abraço!
ResponderExcluirInteresante relato. Felicidades por este rincón!
ResponderExcluirHe llegado aquí a través de un blog amigo.
Te dejo el link de mi blog por si te apetece pasar. Yo me quedo!
http://aomaraluz.blogspot.com/
Un grande abraço, Luz!
QUERIDO AMIGO: PARECE Q' TIENES MATERIAL PARA UNA SAGA CON LA HISTORIA DE TU FAMILIA :)
ResponderExcluirSE TE AGRADECE Q' TE HAYAS DADO UNA VUELTA POR "EL HECHIZO" .. NO OLVIDES Q' LA INVITACIÓN PARA EL PRÓXIMO 31 DE OCTUBRE SIGUE EN PIE ;)
SALUDOS..